Hoje dei por mim a pensar porque é que nesta semana dedicada ao Dia dos Namorados, tenho falado (e ouvido falar) tanto sobre as dificuldades do Amor.
Nestes “tempos modernos” em que o Amor é vivido à luz do Individualismo que privilegia as necessidades individuais e que cria “má fama” no amor que se preocupa e se encontra com o Outro a meio caminho, o vínculo a uma relação segura pode parecer uma desvantagem.
Para além disso, vivemos também na era das redes sociais, onde tudo se pode encontrar, de bom e de mau; e tudo se pode descobrir, deixando pouco espaço para a privacidade e demasiado espaço para os conflitos e até mal-entendidos.
Falo por mim, já que tenho dedicado muito do meu tempo e do meu trabalho ao estudo e à clínica das relações tóxicas. E faço-o, porque sei que existem demasiadas pessoas a viver relacionamentos como estes, a sofrer aprisionadas em sofrimento, desrespeito e agressividade que lhes aterroriza a vida e a identidade.
Mas, hoje, quero também lembrar que o Dia dos Namorados celebra o amor, e não as dificuldades do amor ou o terrorismo emocional que pode chegar às nossas vidas, mascarado de amor.
Ter uma relação segura, fonte de valorização mútua, de troca de afetos e que permite desenvolver sentimentos de apoio e de respeito, é uma das necessidades emocionais mais expressivas do ser humano. Ele assenta na nossa necessidade básica de estabelecermos vínculos que proporcionem estabilidade, apoio emocional e segurança, e estas são as principais características das relações saudáveis de amor.
Nestes dias em que celebramos o amor, importa lembrarmos que a palavra de ordem não é individualismo, mas sim mutualidade. O Amor é um laço que nos estimula o investimento emocional e ao qual temos de dedicar o nosso trabalho se queremos que funcione. E quando funciona, ele traz-nos vantagens e vivências maravilhosas: confiança e respeito mútuos, estabilidade emocional, sentimento de pertença, e uma oportunidade única e incrível de nos desenvolvermos e crescermos como pessoas e de aprendermos mais sobre intimidade e nos tornarmos cada vez melhores a vivê-la.
Não existem relações saudáveis se não proporcionarem o preenchimento destas necessidades de pertença, crescimento individual e desenvolvimento da intimidade. E nenhuma destas necessidades pode ser colmatada se a relação não constituir uma base segura para o aprofundar da comunicação no casal, tornando-a progressivamente mais honesta. Mais do que isso, a comunicação aberta no casal é condição essencial para que a relação possa ser bem-sucedida, segura e íntima.
Tendo tudo isto em mente, aproveitem estes dias para aprofundar relações de afeto, para estabelecer vínculos mais profundos e para amarem e serem amados.
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