Hoje venho deixarmos duas sugestões que oferecem experiências de leitura bastante peculiares, mas que têm em comum, o facto de contarem as histórias e os sentimentos de diferentes pessoas que podiam ser quaisquer um de nós.
Sou suspeita porque gosto bastante de ambos.
Talvez Devesses Falar com Alguém, Lori Gottlieb
Histórias de pacientes e de terapia
“Não admira que sonhemos tantas vezes com os nossos medos. Temos muitos Medos. (…) Temos medo de sermos magoados. De sermos humilhados. Do fracasso e do sucesso. De estarmos sozinhos e de nos relacionarmos. De ouvirmos o que o nosso coração nos diz. De sermos infelizes e de sermos felizes demais (…)” p. 150
Em Talvez Devesses Falar com Alguém, Lori Gottlieb conta-nos as histórias e as dificuldades emocionais dos seus pacientes, sempre em paralelo com a narrativa da sua própria história, que se desenrola também ao longo do processo terapêutico que decide iniciar com um colega seu. As histórias dos personagens incluindo a sua própria, são analisadas à luz dos seus conhecimentos psicoterapêuticos e da sua pessoa única e individual. A leitura é agradável e julgo que nos podemos identificar com todas, ou quase todas, as histórias que são narradas, de algum modo.
Criaturas de um Dia, I. Yalom
Dúvidas, inseguranças e existencialismo
“Agora, a única coisa que tomo por certa é a de que, se conseguir criar um ambiente genuinamente afável, os meus pacientes encontrarão a ajuda de que necessitam, muitas vezes de formas maravilhosas que eu jamais conseguiria prever ou imaginar sequer.” p. 104
O mesmo acontece através da escrita de I. Yalom, um psicoterapeuta consagrado, que nas suas obras, mistura o romance, a psicoterapia e até um pouco de filosofia. Numa perspetiva talvez mais profunda do que a da minha sugestão anterior, este autor discute em Criaturas de um Dia, os dilemas existenciais das suas personagens. Esta discussão existencialista é, aliás, a assinatura deste autor, sendo o tema de base de todas ou quase todas as suas obras.
Em cada capítulo vamos encontram um personagem e a conhecer as dúvidas e inseguranças que o habitam, bem como as inseguranças do próprio I. Yalom, e temos a oportunidade para refletir sobre a diversidade individual que existe em cada caminho de vida e sobre o nosso próprio processo de desenvolvimento pessoal.
Devo confessar que Yalom é dos psicoterapeutas que mais gosto de ler e já li quase todos os seus livros. Outras sugestões deste autor serão aqui deixadas no futuro, certamente!
Boas leituras!
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