Muitas são as dúvidas e questões que me fazem e que acontece dentro deste universo da psicoterapia. Uma das frequentes tem a ver com o que é, no fundo, a terapia familiar e o que podemos esperar dela.
A terapia familiar é uma abordagem terapêutica que tem como foco principal as relações familiares e, como tal, que envolve dois ou mais membros de uma família, com o objetivo de melhorar a comunicação, resolver conflitos e fortalecer os vínculos entre os elementos dessa família. Claro que quando os recebemos dois elementos da família que são o casal, estamos a falar de terapia conjugal, sobre a qual já vos deixei informações.
Esta terapia tem como base de trabalho a teoria sistémica, assumindo que o comportamento de cada pessoa está intimamente ligado ao das outras pessoas do seu sistema e aos contextos (isto é, sistemas) em que vive e com que interage.
Por este motivo, na terapia familiar – assim como na psicoterapia individual de abordagem sistémica – cada pessoa, qualquer elemento é visto como uma entidade isolada, mas sim como parte de um sistema maior ou, regra geral, vários sistemas maiores que interagem entre si. Por exemplo, eu, Diana, faço parte do meu sistema de família nuclear e alargada, do meu sistema de trabalho, do sistema representado pela cidade onde vivo, pelo sistema social e cultural do meu país… estão a ver, não é? Todos nós influenciamos e somos influenciados por estes constantes interlocutores das nossas vidas, mais ou menos diretos; de modo mais ou menos consciente.
A família é vista como um organismo vivo, onde as ações e emoções de cada membro afetam o funcionamento global. Por esse motivo, a terapia familiar trabalha com o sistema como um todo, focando-nos na dinâmica familiar.
O que é que isto significa? Significa que quando vai com a sua família à terapia familiar os assuntos abordados se vão debruçar nos padrões de interação e nos papéis que cada um desempenha dentro dessa estrutura, nas expectativas e auto-expetativas que cada um carrega consigo dentro do sistema familiar.
Sendo a família tomada como um organismo vivo, o terapeuta familiar interessa-se também por compreender a fase de desenvolvimento em que a família se encontra, e que influencia e é influenciada pelas fases de desenvolvimento individual dos seus elementos.
Todos estes temas são abordados através de conversas abertas, em conjunto, onde um dos principais objetivos é fazer com que a informação circule por todos os elementos da família, ajudando, muitas vezes, a permitir que determinados temas que a família teme serem discutidos, possam ser abordados e clarificados por todos. Em todas as minhas terapias familiares, verifico como existem assuntos que a família não consegue tratar sem a ajuda inicial de um terapeuta familiar que faça essa “tradução simultânea de sentimentos”.
Assim, através de conversas abertas e exercícios práticos, o diálogo honesto e respeitoso é incentivado, criando-se um ambiente seguro para que todos possam ser ouvidos e compreendidos. Neste ambiente, o terapeuta familiar é um facilitador, um moderador que orienta a família numa direção que permite a sua união em torno do objetivo comum de encontrarem soluções para o mal-estar sentido.
Em que casos devemos procurar terapia familiar?
Quando a comunicação é fundamentalmente negativa ou os elementos da família não conseguem partilhar as suas ideias e sentimentos de maneira clara, e com entendimento mútuo. Uma comunicação positiva é essencial para o sistema familiar e para o bem-estar dos seus elementos.
Quando a família nota que existem conflitos que não conseguem ultrapassar por mais que já tenham tentado e sintam que quanto mais os abordam mais tensas e conflituosas se tornam as relações dentro da família.
Quando a família se encontra em momentos delicados do seu ciclo de vida familiar ou quando existem eventos de vida muito stressantes; por exemplo, morte de alguém significativo, divórcio, mudança de residência impactante, nascimento de um filho
Quando existem doenças num elemento familiar muito relevantes e que, obviamente, interferem com todos os elementos individualmente e com a dinâmica familiar num todo.
Nestas circunstâncias, pode ser necessária terapia familiar para ajudar a compreender as implicações e consequências de cada uma destas situações, melhorar a capacidade familiar para se adaptar a novas circunstâncias e identificar estratégias para lidar com situações geradores de stress que podem ser novas, ou muito dolorosas, para a família.
Mas levamos as crianças!?
Bom, depende. Sei que ninguém gosta desta resposta! Mas, na minha perspetiva e método de trabalho, há muitas coisas que preciso de saber antes de tomar essa decisão, depende da idade das crianças, do motivo de vinda à terapia e de várias informações. O que posso dizer é que as crianças são, muitas vezes, elementos muito fortes na missão de melhorar a capacidade adaptativa da família e, como tal, muito importantes na terapia.
E, já agora, os vossos adolescentes com 16 e 18 anos, não são crianças… esses vêm, claro! Exceto em questões conjugais que, obviamente, dizem respeito apenas aos elementos do casal.
Resumindo, a Terapia Familiar é um espaço onde todos os elementos da família terão um espaço seguro para partilhar as suas dificuldades e preocupações, onde podem ser acolhidos e auxiliados na exposição dos seus sentimentos perante os outros elementos desse sistema.
Ao longo do processo – cujo número de sessões varia consoante a complexidade das situações a trabalhar – é estimulado o suporte emocional entre todos os elementos, a empatia e o acolhimento de quaisquer dificuldades, bem como o desenvolvimento de estratégias por todos os seus elementos e em conjunto.
Terminado o processo, a família sentirá que a capacidade de comunicar melhorou, sendo mais positiva, e o vínculo é mais forte, contribuindo para que na prática, as relações sejam mais respeitosas, afetuosas e amorosas.
Ainda tens dúvidas? Contacta-me!
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