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  • Foto do escritorDiana Cruz

Histórias partilhadas: marcas para a vida


Um destes dias falei com uma mulher que me revelou como uma relação tóxica pode ficar marcada para toda a vida, mesmo quando parece que já se está recuperado.


A Margarida, contou-me a sua história revelando a sua dor. Ela saiu de uma relação tóxica há cerca de 25 anos, era uma jovem adulta e só anos mais tarde compreendeu que foi obrigada a fazer muitas coisas que não queria. Trinta anos depois ainda fala deste assunto com a voz embargada. Tem, hoje, uma família cheia de amor.

 

 


 

 

Há 25 anos, um homem lindo, que namorava na altura uma mulher linda, apaixonou-se por mim. Eu tinha 17 anos e ele 27, e teve a capacidade de me arrancar de um amor platónico.


Primeiro levou-me pela mão num conhecido jardim de Coimbra e foi mágico. Foi um passeio sem mácula. Assim que fiz 18, numa lua cheia de agosto, levou-me de carro para o meio da Serra do Buçaco, numa zona onde se via o palácio ao longe. Tudo mágico. Fui violentada, felizmente não violada. Esteve uma hora em cima de mim, não dizia nada. No dia a seguir quis assegurar-se de que eu não ficaria com a ideia errada. Não pediu desculpa, disse que foi mágico e que devia entender o seu ímpeto como parte da magia. 

Ele supostamente deixou a sua namorada e 'andava' comigo, sem nunca assumir, sempre em sítios onde ninguém via, de Coimbra ao Luso, às vezes Viseu, durante quase dois anos.


A partir de um ano e meio começou a namoriscar a minha melhor amiga, a quem fez coisas parecidas. Chamava-me leoa ciumenta, praticava coito interrompido, o que me punha alerta sobre a possibilidade de estar grávida todos os meses, e enchia-me de palavras bonitas sobre a nossa relação especial. 


Ao ler o livro da Diana, ia identificando amigas, familiares, felizmente poucas, mas mesmo poucas são sempre muitas, com relações tóxicas. Demorei o livro todo a perceber que aquela minha primeira relação tinha sido tóxica. 


Tive muita sorte, pois poderia ter ficado agarrada àquela relação muito tempo. Tinha amigos que sabiam o que era o respeito que me ajudaram a ultrapassar a separação, e na verdade estava farta de esperar horas - literalmente - por ele. Eu era pontual, e ele (na altura não havia telemóveis) deixava-me horas à espera dele. 


Quando estive grávida, há 7 anos, encontrei-o. Tinha-se separado, disse-me que tinha gostado muito de mim quando estivemos juntos, e que a nossa relação tinha sido especial.


Felizmente, o pai do meu filho é tudo ao contrário dos homens tóxicos, ama-me cada dia sem esperar arrebatamentos, nunca me comentou a roupa a não ser para dizer que me fica bem, não diz mal das minhas amigas, respeita os ciúmes naturais e nunca me deixa insegura na relação.

 

Margarida, 42 anos

 

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